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domingo, 8 de agosto de 2010

Os éticos moram em cemitérios



Preste muita atenção nestas eleições. Há dois tipos de candidatos: aqueles que julgam que a realidade é imutável e rejeitam ilusões, e outros que apostam no caminho da política para alterar uma realidade que para eles já alcançou o status de insuportável. Os primeiros acreditam que, já que nada pode ser modificado, o negócio é se eleger dançando conforme a música. Os outros agem de maneira oposta e de acordo com o discurso que empregam: para mudar é preciso não só denunciar, mas recusar um estado de coisas que vem destruindo as bases de um sonho de sociedade justa.
Os que jogam conforme o jogo podem ser encontrados nas inúmeras siglas que nomeiam os partidos brasileiros. Não têm ideologia, bandeiras, nem caráter. Os outros, que apostam na ética como única forma de mudança social, podem ser encontrados em apenas dois locais: no além ou em suas casas. Sim, pois gente assim ou já morreu, ou largou da política há muito tempo, e prefere atuar de outras formas na perseguição de seus ideais de mudanças.
Na falta de gente honesta, os candidatos atuais buscam personificar os dois papéis. Quando sobem o morro ou passeiam pela periferia, negociam com o tráfico e aceitam as regras do submundo do crime. Criticam a corrupção, mas costuram alianças que agasalham e protegem corruptos. Fazem voto de pobreza, mas enchem as burras em negociatas espúrias. Quando se percebem assistidos pelos olhos da imprensa trocam a máscara e vestem o figurino de estadistas: postam-se como vestais e assumem o papel de cruzados da justiça e do direito.
Há os que apostam que divulgar uma lista com o nome de candidatos processados pela lei é uma forma de iluminar essa pilantragem, dando transparência ao processo eleitoral. Será? Quem lê esse tipo de lista já conhece a malandragem do jogo faz tempo. Quem não conhece, continua mergulhado nas trevas da ignorância.

Além de mostrar o podre eleitoral, listas assim jogam luz na incompetência de nosso sistema judiciário: muita gente não tem idéia de que a justiça brasileira é lenta, falha e, como se não bastasse, cínica...

(Alexandre Pelegi)





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