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sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Intolerância religiosa: fé tem tamanho?




O tamanho de um templo espelha o tamanho da fé? A importância de uma religião se mede pela grandiosidade de seus rituais?



Apesar das perguntas, a história nos mostra que há milênios o homem constrói templos não só para expressar sua fé, como para demonstrar sua convicção. Ou mesmo, para declarar seu amor por alguém, um povo, uma nação, como no caso do Taj Mahal. São estruturas arquitetônicas dedicadas ao serviço religioso que se revestem de nomes diversos: Igreja, Congregação, Casa de oração, Catedral, Basílica, estes os vários nomes que o Cristianismo adota para seus templos. Os islâmicos usam o termo Mesquita, assim como os judeus adotaram Sinagoga. Há os templos Mórmons, como há também os Terreiros, no caso do Candomblé e da Umbanda. Templos gigantescos foram e são construídos pelo homem. É o local onde se reflete o mundo espiritual, onde a Presença Divina se cristaliza.



Um templo vazio não se sustenta: ele nasce antes pela experiência da fé, pela necessidade dos fiéis e sacerdotes de produzir ações comuns de apoio e multiplicação da ação religiosa. Seu tamanho, ao invés de arrogância e empáfia, busca suprir a necessidade de seus membros. Há que ter espaço para aulas de inclusão social de crianças e adultos da comunidade. Há que ter espaço para festas e rituais religiosos, que assustam a ignorância dos que desconhecem a história e as tradições seculares. Por maior espaço que exista, no entanto, nenhuma religião sobrevive apenas entre quatro paredes, como a fé não pode ser medida em metros quadrados.



Mas no Brasil o preconceito social, que remete a nossas origens históricas, condenam as religiões afro-brasileiras ao fundo do quintal, como se seus templos fossem a recriação de fétidas senzalas... Imensas catedrais e basílicas católicas não causam espanto, como a multiplicação de templos evangélicos em espaços gigantescos é quase sempre assumida com naturalidade. Mas religiões como Umbanda e Candomblé, que sobrevivem e crescem apesar da intolerância e do preconceito, não podem, e nem devem, demonstrar seu crescimento e expansão numa comunidade.



A intolerância religiosa se expressa de muitas e ardilosas maneiras. Todas buscam impedir que uma religião cresça. Isso pode acontecer não só pelo preconceito desavergonhado, como pela coação de práticas tradicionais, como estamos cansados de ver. Outra maneira é impedir que templos religiosos sejam construídos...




(Alexandre Pelegi)

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